Sabem aqueles dias em que mais valia termos ficado na nossa caminha a dormir?
hoje foi um deles!
acordo
penso que estou atrasada para o work (apesar de nao estar)
saio a correr e percebo que está uma frio de rachar mas não posso agasalhar-me porque o autocarro vem aí
chego a Algés e apanho uma chuvada fenomenal acompanhada de ventos ultra fortes (não liguem às hiperboles)
chego a Carcavelos e percebo que por causa de umas obras novas de um lar XPTO tenho o meu caminho para o meu trabalho interditado. Assim, faço um desvio de 5 min.
A manhã corre bem, apesar do frio. O almoço está saboroso e o café com as colegas anima-me.
Depois de tratar da papelada ainda tenho tempo de ir ao infantário dar beijinhos e colinhos aos meus meninos.
Ta na hora de sair. Como é quarta-feira, hoje há refeições para os utentes - lulas grelhadas com batatas. Chegamos a estação de comboios de S.João do Estoril e paramos a auto-caravana em frente a uma rua de transito proibido (aquele sinal redondo com vermelho a volta). O meu colega e condutor vai buscar os nossos utentes a uma casa abandonada. Fico sozinha. Começo a ouvir uma carro a apitar. Vou ver o que é. Um homem estérico diz para tirar a auto-caravana daquele sitio que ele quer passar. Digo-lhe q o meu colega já vem, é só um minuto. Ele sai do carro e vem atrás de mim. Fecho-me dentro da caravana. Ele tenta abrir a porta à força, bate em todos os vidros e insulta-me a mim e toda a humanidade. Eu tento telefonar ao meu colega para ele se despachar. Ele aparece passado 1 minuto (sim! só 1 minuto) e tira a caravana do lugar.
Depois desse incidente, atendemos os nossos utentes e fomos para outro sitio (bairro).
Chegado ao bairro tudo corre bem. O mesmo pessoal de sempre, as mesmas conversas e mesmas necessidades. Nada de novo debaixo do sol.
Mas, mesmo na hora de sairmos uns jovens abordam-nos para nos dizer que um individuo está a morrer. Vamos ver o que se passa. O individuo é nosso utente. Estava a 4 horas ao frio e ao vento sentado no ringue de futebol. Não se consegue mexer nem parar de tremer. Ligo aos bombeiros, eles mandam-me ligar para o INEM. Ligo para o INEM e explico que desconfio que o nosso utente está a entrar em hipotermia e possivel paragem respiratória. Sou pela 2ª vez neste dia insultada, mas desta vez pela telefonista do INEM que me garante que não envia ninguém para nos ajudar. Fico em estado de choque e volto a ligar aos Bombeiros. Consigo apelar à compreensão, humanidade e disponibilidade dos mesmos. Passado 20 min aparecem para levar o paciente em risco.
Com todas estas histórias perco 3 comboios para casa e quando chego a Algés sou obrigada a esperar 30 min pelo bus ao frio e ao vento.
ponto final