domingo, 24 de junho de 2007

Poema do desespero

Eu tive fome,
e tu formaste um grupo humanitário
para discutir a minha fome

Estive preso
E tu retiraste discretamente para a tua capela
e oraste pela minha libertação

Estive nua
e, na tua mente questionaste
a moralidade da minha aparência

Estive enferma
e tu ajoelhaste e agradeceste a Deus por tua saúde

Estava desabrigada
e tu me falaste do abrigo espiritual e do amor de Deus

Estava solitária
e tu me deixaste sozinha a fim de orarem por mim

Parecias tão santo, tão próximo de Deus!
Mas eu ainda estou com fome... e sozinha... e com frio


Uma mulher desabrigada
in "Mentalidade cristã", John Stott


3 comentários:

Anónimo disse...

É um facto.. nem sempre a ajuda chega na forma que faz falta..!

acho que se não formos por nós, mais ninguém o será sem contrapartidas..!

"Nada peças e Nada te Prenderá!"

Anónimo disse...

adoro Dali, e surrealismo em geral é o meu movimento preferido.
Já O poema... recorda-me uma conversa nossa,numa daquelas noites na cozinha, cigarro após cigarro a discutir religião..;)
Embora não concorde com o (teu) amigo Nunes quando refere "nada peças e nada te prenderá!" acredito que estamos cá um para os outros..e que o ser humano é conceptualmente bom..teve foi umas falhas na fábrica!
De facto se pedimos prendemo-nos...mas que sentido faz viver sem a (inter)dependencia mútua do ser humano? não passaríamos de uma quimera mecanicista...

Mrs. Potter disse...

Tocaste no cerne da questão... é tão fácil viver-se de forma tão hipocritamente santa.
Bjinhos, levo-te o jogo Age of Empires assim que conseguir ir a alvalade. Tenho o carro a arranjar. =)