Hoje transcrevo apenas,
Estórias de Histórias delas.
Conheço aquela mãe, esfaqueada no duche pelo marido. Que, quando as dores físicas desapareceram percebeu que a sua alma poderia nunca mais ser curada quando a maior facada foi a decisão do filho de ir viver com o pai.
Também conheço áquela outra que tem HIV e vive com um filho que por ignorância nem a deixar pegar no neto ao colo ou fazer umas simples batatas fritas.
Lembro-me de uma que eu conheci viva mas que a última vez que a vi estava num caixão. Lembro-me da filha de 17 anos aparentemente passiva a despedir-se de uma mãe que há muito que deixara de o ser.
Conheço outra que foi expulsa de casa aos 14 e albergada por um homem que a colocou na prostituição e lhe deu dois filhos. Hoje, independente e com dois filhos adolescentes, não acredita que os consiga sustentar de outra maneira e continua a prostituir-se.
Noutro dia reencontrei-me com outra, mãe de 4 filhos aos 22 anos. Estes foram-lhes retirados após o nascimento do último devido às sua dependência de substâncias psico-activas. Hoje com 25 anos (a minha idade) está grávida do 5º.
Também me recordo daquela adicta que depois de uma depressão crónica decidiu injectar heroína na veia sem nunca ter experimentado um charro. Naltura tinha 35 anos. Hoje tem cerca de 50 anos e deambula pelas ruas à procura da próxima dose. Perdeu a fé. O respeito dos filhos e toda a sua razão de viver.
Não me esqueço daquelas que eu conheço que foram mães apenas meses. Pela decidão de abortar hoje sentem-se vazias culpadas e não merecedoras.
São muitas as histórias que eu preferia que fossem lendas.
Mas é para elas que escrevo.
Conheço-vos bem. Vocês, merecem ser amadas e respeitadas.
Amanhã é o vosso dia.
Feliz dia da mãe